Para Mesquita, a Profilaxia Pré-Exposição deve ser incluída na cadeia de prevenção combinada
Em plenária apresentada nesta quarta-feira (22), no 8º Congresso da International Aids Society sobre Patogênese, Prevenção e Tratamento do HIV (IAS 2015), em Vancouver (Canadá), o diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Fábio Mesquita, defendeu o emprego da Profilaxia Pré-Exposição, a PrEP, como política pública.
Para o diretor do DDAHV - que foi um dos três oradores da última sessão plenária do Congresso -, a PrEP deve integrar os esforços de prevenção combinada, que incluem o controle da transmissão vertical, tratamento das infecções sexualmente transmissíveis, camisinha masculina e feminina, redução de danos, aumento da oferta de teste, tratamento como prevenção (oferta da terapia antirretroviral assim que a pessoa com HIV é diagnosticada), profilaxia pós-exposição (PEP) e circuncisão.
Na plenária, Mesquita apresentou dados dos diversos estudos sobre a PrEP em andamento no mundo. Todos demonstram claramente que a PrEP é eficiente como método de prevenção ao HIV, com índices superiores a 85% de eficácia. Os estudos demonstraram também que “não há compensação de risco quanto ao uso de camisinha, ou seja, as pessoas não estão trocando a camisinha pela PrEP, e isso é muito importante pra nós, gestores de públicos de políticas de aids”.
Mesquita, contudo, apontou que o preço ainda é um problema sério para se tomar a decisão de incluir a profilaxia como política pública. Outro dado que ainda é muito discrepante nas diferentes pesquisas é a adesão do público pesquisado à tomada correta dos medicamentos, respeitando a profilaxia. Em razão disso, os diferentes estudos estão considerando posologias com o uso diário, semanal ou algumas vezes por semana da PrEP.
Durante o Congresso, tanto a Organização Mundial da Saúde quanto o Unaids defenderam o uso da PrEP como um dos itens da prevenção combinada. Em recente publicação da IAS, Mesquita, Beatriz Grinstejn e Valdiléia Veloso (ambas da Fiocruz), defenderam a aplicação da PrEP como política pública de prevenção.
Além de Mesquita, também foram oradores na plenária Glenda Gray, do Centro de Pesquisa do Programa de Aids da África do Sul, e Michel Kazatchikine (França). Glenda apresentou as últimas novidades sobre pesquisa de vacinas para o HIV, cujos investimentos concentram-se nos EUA.
Michel Kazatchkine (França), ex-presidente do The Global Fund e ex-diretor da ANRS (Agência Francesa de Pesquisa sobre a Aids), falou sobre o crescimento da epidemia de aids na Rússia, Leste Europeu e Ásia Central, causado em grande parte pelo uso inseguro de drogas injetáveis. A maioria dos países da região não possuem programas de redução de danos e criminalizam a posse de drogas.
O embaixador Ernesto Rubarth, cônsul do Brasil em Vancouver, acompanhou a sessão plenária e a apresentação brasileira.
Fonte: www.aids.gov.br/noticia/2015/diretor-do-ddahv-defende-inclusao-da-prep-como-politica-publica-de-saude-global