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Domingo, 21 Fevereiro 2016 21:00

International Aids Society lança campanha #IASONEVOICE

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Objetivo do projeto é destacar histórias de pessoas que trabalham na resposta ao HIV


A International Aids Society lançou semana passada a campanha  #IASONEVOICE — que destaca as histórias, opiniões e perspectivas dos membros da IAS (Associação Internacional de AIDS) que trabalham em todos os níveis da resposta ao HIV. Primeiramente, estamos nos concentrando em uma das emergências humanitárias mais importantes - a crise dos refugiados sírios.

A crise dos refugiados sírios tem tido um grande impacto na capacidade da Síria e de seus países vizinhos de fornecer serviços básicos de saúde, incluindo os serviços relacionados ao HIV e à AIDS.

Em algumas regiões como Homs, Alepo, Ghouta Ocidental, Deir ez-Zor e Al-Raqqa, estima-se que 75% dos profissionais de saúde tenham sido forçados a deixar o país. Depois de fugir da Síria, o médico Abdul Nasser Kaadan, membro da IAS, está compartilhando em primeira mão suas experiências sobre os refugiados "esquecidos" que vivem com HIV. Diante desta crise humanitária emergencial, a IAS está trabalhando com Abdul para garantir que a voz do povo sírio atuando na linha de frente contra o HIV seja ouvida.

O lançamento da campanha #IASONEVOICE faz parte da nova estratégia organizacional da IAS. Saiba mais no site da instituição: http://www.iasociety.org/

Leia o depoimento de Abdul Nasser Kaadan, traduzido da matéria divulgada pela IAS:

Os esquecidos

O médico Abdul Nasser Kaadan, membro da IAS, forçado a deixar o país devido ao conflito na Síria

O médico Abdul Nasser Kaadané um médico de Alepo membro da Associação Internacional de AIDS (IAS) desde 2013. Ano passado, Abdul foi forçado a deixar seu país e buscar refúgio na Turquia. Diante desta crise humanitária emergencial, a IAS está trabalhando com Abdul para garantir que a voz do povo sírio atuando na linha de frente contra o HIV seja ouvida. Esta é a sua história...

“Eu morava próximo da Universidade de Alepo, que ainda está sob o controle do governo. Saí no início de 2015, quando a situação se tornou muito perigosa. Havia atentados a bomba e ataques contra civis todos os dias. Um dos meus colegas na Universidade de Alepo foi atingido por uma bomba enquanto estava em seu carro com o filho - ambos morreram. Outro colega meu foi sequestrado por forças da oposição e morto depois de uma semana. Isto é o que eu e minha família tínhamos que enfrentar todos os dias.

Parti de Alepo com minha esposa em um micro-ônibus em direção ao sul da Turquia. Esta viagem costuma levar cerca de uma hora de ônibus (por volta de 80 km/h) até a fronteira, mas demoramos cerca de doze horas. O motorista precisou seguir pela rota mais segura por causa da ameaça de sequestros e atentados a bomba que enfrentamos.

Havia atentados a bomba e ataques contra civis todos os dias.

Passamos por mais de trinta pontos de verificação e chegamos quinze minutos após o fechamento da fronteira, então tivemos que ficar em um pequeno edifício preparado especialmente para esses casos. Estávamos com cerca de 300 pessoas, muitas delas crianças. O frio era congelante e as condições muito precárias naquele local apertado e lotado, então acabei pegando uma gripe forte.

Na manhã seguinte, atravessamos a fronteira e fomos transportados diretamente até uma cidade turca. Eu e minha esposa estávamos entre os sortudos.

A situação dos sírios que vivem com HIV/AIDS dentro e fora do país é desesperadora. Há uma grave falta de suprimentos de saúde na região, tais como medicamentos, vacinas, materiais de diagnóstico e de laboratório e instrumentos cirúrgicos. Isto tem um impacto claro sobre o acesso ao tratamento ao HIV e outras doenças infecciosas.

Hoje, estima-se que existam cerca de 2,5 milhões de refugiados sírios na Turquia, alguns deles vivendo em campos de refugiados, enquanto outros estão espalhados em diferentes cidades turcas. Muitos foram diagnosticados com HIV/AIDS na Síria e estavam recebendo tratamento antes da guerra. Agora a situação mudou. Muitos têm medo de serem estigmatizados se declararem sua condição de HIV positivo.

A tensão da guerra na Síria e a onda de refugiados nos países vizinhos dificultam avaliar com precisão a escala da epidemia do HIV na região. Chegar ao número real de pessoas que recebem tratamento é uma tarefa ainda mais difícil. No entanto, as condições nos campos de refugiados na Turquia são muito melhores do que nos países vizinhos, pois o governo turco fornece serviços de saúde gratuitos a todos os refugiados sírios na Turquia. Acredita-se que o impacto do HIV/AIDS entre os refugiados sírios é muito pior no Líbano e na Jordânia, que têm menos refugiados: cerca de 1,2 milhões e 650 mil, respectivamente.

A situação é extremamente difícil a tal ponto que quase ninguém está ao menos pensando sobre HIV/AIDS, especialmente porque há uma escassez de provisões, como alimentos, água potável e educação para as crianças. Como resultado, muitos sírios que vivem com HIV/AIDS estão presos em zonas de conflito, sem acesso a serviços básicos.

É necessário tomar uma ação agora, considerando que esta crise continuará por pelo menos 10 anos, de acordo com os sírios mais otimistas. A Síria tornou-se a maior crise humanitária desde a Segunda Guerra Mundial e exige que os governos em todo o mundo ajudem aqueles que foram esquecidos em meio a esta guerra terrível.

Precisamos de profissionais de saúde treinados para prestar serviços relacionados à prevenção, transmissão e tratamento de HIV/AIDS, em campos de refugiados nos países vizinhos da Síria. Esta é a única forma de termos uma análise precisa da situação-e-resposta ao HIV.

Por favor, fique do meu lado e compartilhe a minha história para chamar a atenção ao povo da Síria.”

O médico Abdul Nasser Kaadan vive atualmente na Turquia e trabalha como palestrante universitário.

Partes desta entrevista com o médico Abdul Nasser Kaadan foram editadas ou condensadas para mais clareza. Veja a entrevista original (com fotos e em inglês), no site da IAS:http://www.iasociety.org/Membership/IASONEVOICE/Stories/The-forgotten

Fonte: http://www.aids.gov.br/noticia/2016/international-aids-society-lanca-campanha-iasonevoice